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Debate sobre Ações Afirmativas encerra o 4º Congresso de Extensão e Cultura da Unicamp

A manifestações artísticas dos Coletivos desafiaram os preconceitos no palco



Texto: Fernando José Barbosa e Gabriela Villen  l  Fotos: José Irani  l Vídeo: Marcelo Santarosa (FCM)


A importância e os limites das ações afirmativas ocuparam o palco do último dia do 4º Congresso de Extensão e Cultura da Unicamp, em programação realizada em conjunto com o VI Encontro Nacional do Forcult (Fórum de Gestão Cultural das Instituições Públicas de Ensino Superior Brasileiras). O debate trouxe as perspectivas negra e indígena com a professora da Faculdade de Educação da Unicamp, Débora Jeffrey, e a bióloga e integrante do conselho Guarani Kaiowá Aty Guasu e Retomada Aty Jovem Guarani Kaiowá (RAJ), Kellen Natalice Vilharva Guarani Kaiowá. Enquanto as manifestações culturais agregaram também os coletivos autista e trans, concretizando na arte alguns dos questionamentos teóricos. O encerramento do evento contou ainda com o Batuque de Umbigada de Guaratinguetá e um cortejo puxado pelo Capoeira para Todes, que levou os participantes do Centro de Convenções até a Casa do Lago. O pró-reitor de Extensão e Cultura, Fernando Coelho, e o presidente do Forcult, Fábio Cerqueira, destacaram a importância da diversidade do evento e a relevância dos debates realizados para a construção da extensão e cultura universitárias.

Na mesa “Ações Afirmativas”, Débora Jeffrey apontou a importância do que chama de “saber qualitativo” para definir as atividades de extensão na Universidade. Para ela, o ambiente universitário ainda é elitizado, com predominância de pessoas brancas, e pensar ações afirmativas deve passar pela estruturação do acesso para grupos que se mantêm excluídos.

 

“Além de ter ações afirmativas, é preciso que as universidades criem meios para integrar a todos nessas ações”, disse Débora. “É preciso demandar da universidade parcerias que dêem sustentabilidade aos questionamentos e às rupturas necessárias da ordem hegemônica vigente”, completou.

 

Para  Kellen Natalice Vilharva Guarani Kaiowá, a questão das ações afirmativas passa pela geração de oportunidades para os indígenas e demais grupos historicamente excluídos. Segundo ela, ser filha de pais com diploma universitário é exceção em seu universo.  “Em minha aldeia não tem energia elétrica, rede de água, nem computador”, afirmou. Kellen destacou ainda a importância do aprendizado da língua portuguesa e de levar os conhecimentos adquiridos na academia para o seu povo.

 

“Sabemos da importância de aprender os códigos não indígenas e lutar por nossos direitos”, ressaltou Kellen.

 

“Os caminhos vão acontecendo e a universidade vai acompanhando. Nosso objetivo é abrir portas”, afirmou o pró-reitor, Fernando Coelho, ao final do debate. Coelho enalteceu a importância de todos questionamentos feitos sobre as ações realizadas pela Universidade e sinalizou caminhos para seguir avançando, como a iniciativa do  Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc) de desenvolver a linguagem matemática em Libras.

Assim como os demais debates do Congresso, a mesa foi transmitida ao vivo e está disponível no no youtube da Proec @ExtensaoeCulturaUnicamp.


Estéticas Periféricas

A celebração final do Congresso, levou os questionamentos para o campo artístico, abrindo novas possibilidades de compreensão do debate. O espetáculo “Corpo Presente!”, do grupo TADOMA Escola de Artes Cênicas, provocou os espectadores com um elenco formado por atores com deficiência física e mental. “Por que pessoas com deficiência não podem ser atores profissionais?”, questionou o diretor Alexandre Souzah, que pretende transformar a Escola no primeiro curso profissionalizante do Brasil para pessoas com deficiência.

Os coletivos de Hip-Hop, Indígena e de Consciência Trans da Unicamp também marcaram presença com música e performances.