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Extensão 48 traz contribuições da Unicamp para enfrentamento da pandemia pelos povos indígenas

Edição faz parte da série especial que aborda o Coronavírus



| Texto: Gabriela Villen

Os povos indígenas enfrentam nova ameaça no Brasil. A Covid-19, que atinge todo globo, promete impactos ainda mais agressivos nesta população. De acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), já são mais 10 mil casos confirmados e mais de 400 indígenas mortos em todo país. Pesquisadores, de diferentes área da Unicamp, se mobilizaram para responder às demandas específicas dessa população frente à pandemia. Nesse episódio da série Extensão 48 - Coronavirus, produzido pela Pró-reitoria de Extensão e Cultura (ProEC) da Unicamp, conheceremos algumas dessas iniciativas.

Na área médica o infectologista Paulo Abati fala sobre as diferentes dimensões da vulnerabilidade dos povos indígenas no Brasil. Além do aspecto biologico, o médico ressalta a dimensão social do problema como talvez a mais importante a ser considerada. "A restrição contínua que os povos indígenas têm sofrido para reprodução dos seus modos de vida acarretam seguramente maior risco de aquisição da Covid-19. A restrição dos seus espaços tradicionais, de suas terras pela invasão de garimpo, grilagem e indústria madeireira representam mudanças nos seus modos de vida", afirma. Como exemplo, ele cita a alimentação, cujas alterações, tem elevado os índices de desnutrição e doenças metabólicas.

 

Dr. Paulo Abati, médico infectologista

 

Espalhadas ao longo de todo território nacional, essas comunidades vivem realidades muito diferentes entre si, e ainda mais díspares dos contextos urbanos. A prevenção ao Covid-19 e a comunicação sobre a pandemia para ser efetiva, precisaria levar em conta essas particularidades. Esse foi o desafio enfrentado pelo Laboratório de Tecnologia e Transformações Sociais (LABTTS) do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) do Instituto de Geociências (IG) da Unicamp, em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA). "Buscamos traduzir um pouco as medidas e orientações de prevenção do coronavírus para a realidade de Ponta de Pedra no Pará. Depois, elaboramos um guia para que qualquer comunidade pudesse fazer sua propria cartilha. Propusemos alguns passos e questionamentos para que essas diversas realidades do Brasil pudessem colocar informações específicas para melhor conter o vírus e melhor traduzir as medidas de prevenção para cada realidade", relata Lara Ramos, mestranda do departamento.

 

Lara Ramos, mestranda do departamento

 

 

Tendo em vista a contaminação já existente e a precariedade da atenção à saúde disponível, o Núcleo de Estudos de População "Elza Berquó" (NEPO) buscou, por sua vez, identificar municípios estratégicos para instalação de estruturas de atendimento emergencial. "Nos desenvolvemos um indicador sobre a vulnerabilidade dos povos indígenas ao Covid-19", explicou a pesquisadora Marta Maria Azevedo. Segundo ela, o estudo considerou variáveis como a proporção de pessoas idosas, a média de moradores por domicílio, saneamento, proximidade de municípios com UTI e a situação legal das terras indígenas. O relatorio aponta para a necessidade de criação ou reforço de, ao menos, 17 polos de atendimento emergencial e preventivo.

 

Profa. Dra. Marta Maria Azevedo, pesquisadora do NEPO

 

Assista ao vídeo:

 

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